Doença silvestre desde a década de 1940, a febre
amarela pode voltar a se tornar uma enfermidade de cidade. Pesquisa dos
Institutos Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e Evandro Chagas, em parceria com o
Instituto Pasteur, em Paris, mostrou que mosquitos urbanos, como Aedes aegypti e Aedes albopictus, têm elevada
capacidade para a transmissão do vírus da febre amarela. A pesquisa foi
publicada nesta sexta-feira, 7, na revista Scientific Reports.
Um dos autores do estudo, Ricardo Lourenço, chefe do Laboratório
de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC, explicou que a intenção do
trabalho era avaliar o risco de a febre amarela voltar a se tornar uma doença
das cidades.
Neste ano, foram registrados 797 casos da doença no Brasil, com
275
Doença silvestre desde a década de 1940, a
febre amarela pode voltar a se tornar uma enfermidade de cidade. Pesquisa dos
Institutos Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e Evandro Chagas, em parceria com o
Instituto Pasteur, em Paris, mostrou que mosquitos urbanos, como Aedes aegypti e Aedes albopictus,
têm elevada capacidade para a transmissão do vírus da febre amarela. A pesquisa
foi publicada nesta sexta-feira, 7, na revista Scientific Reports.
Um dos autores do
estudo, Ricardo Lourenço, chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de
Hematozoários do IOC, explicou que a intenção do trabalho era avaliar o risco
de a febre amarela voltar a se tornar uma doença das cidades.
Neste ano, foram
registrados 797 casos da doença no Brasil, com 275 mortes. Mas todas as pessoas
foram picadas por mosquitos silvestres
Para avaliar o risco de reurbanização, foram
testados mosquitos urbanos (Aedes
aegyptie Aedes albopictus) do Rio de Janeiro, onde não havia registros da
doença havia 70 anos, de Manaus e Goiânia. E diferentes linhagens do vírus - a
que circulava anteriormente no Brasil, a que está circulando agora e a que foi
isolada na África. Isso porque a diversidade das populações de mosquitos e as
transformações dos vírus, ao longo das décadas, poderiam ter afetado a
capacidade de os insetos transmitirem a doença.
"O vírus vai
evoluindo no tempo, produzindo mutações, criando adaptações. Por isso
precisávamos fazer a comparação. E, de fato, a chance de transmissão dos vírus
é muito grande pelos insetos do Rio de Janeiro e de Manaus. A transmissão
ocorre nos mosquitos de Goiânia em menor grau", afirmou Lourenço.
Foram avaliados mosquitos silvestres das
espécies Haemagogus
leucocelaenus e Sabethes albiprivus. O trabalho analisou ainda insetos Aedes aegypti e Aedes albopictuscoletados
nas três capitais brasileiras e em Brazzaville, no Congo, onde a febre amarela
silvestre é endêmica.
Os insetos foram divididos por gênero, e fêmeas
foram alimentadas com amostras de sangue contendo vírus da febre amarela de
diferentes linhagens. A presença de partículas de vírus na saliva dos insetos
após 14 dias foi o indicador do potencial de transmissão da doença. Todos os
mosquitos tinham capacidade de transmitir a febre amarela, com exceção do Aedes albopictus de Manaus, que não transmitiu o vírus
africano.
"A capacidade de o Aedes aegypti do Rio de Janeiro transmitir a febre amarela
chega a 60% com a linhagem que circula agora e a 40% com a linhagem do passado
ou do oeste africano. É maior do que o mesmo mosquito de Goiânia, onde emergem
casos de macacos infectados, e do que o de Manaus, que é área de febre amarela
endêmica."
Para o pesquisador,
diante da real possibilidade de reintrodução da febre amarela urbana, é preciso
que as autoridades de saúde intensifiquem o combate ao mosquito e imunizem a
população.
"A transmissão urbana já pode estar
acontecendo, e a gente não sabe. Na década de 1930, descobriram que havia a
febre amarela silvestre porque houve caso no Espírito Santo e não acharam
nenhuma larva ou adulto de Aedes aegypti",
explicou. "Agora, só vamos provar a febre amarela urbana se não houver
macaco doente nem mosquito silvestre naquela região."
Fonte: Jornal Estadão
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